Compartilho
aqui um belo texto que encontrei hoje no site do professor Carlos
Eduardo Gonzales Barbosa, que ensina cultura sânscrita e Yoga.
“O
objetivo do Yoga é moksha, liberdade. O autoconhecimento (Brahmavidya)
é a chave para nos libertar do sofrimento que a ignorância (avidya)
sobre quem realmente somos nos faz sentir […]
A
iluminação é o reconhecimento. É nos reconhecermos como o Ser (brahman).
O estado de Yoga é o estado natural do Ser. Enquanto yogis no caminho de
auto-realização entramos e saímos deste estado. Assim é como nos diz o velho e
sempre atual texto da Katha Upanishad: ‘Quando os cinco sentidos e a mente
estão parados, e a própria razão descansa em silêncio, começa o caminho
supremo. Esta firmeza calma dos sentidos chama-se Yoga. Mas deve-se estar
atento, pois o Yoga vem e vai.’
Arrisco
dizer que é relativamente fácil vivenciarmos este estado durante a meditação,
em cima do tapetinho, ou quando contemplamos a natureza; difícil é se manter
neste estado no cotidiano, nas relações que temos que viver na sociedade, no
cumprimento das nossas responsabilidades (vyavahara).
O
verdadeiro sádhana é quando procuramos aplicar na vida aquilo que
estudamos e aprendemos em sala no tapetinho. Nosso desafio como yogi
sincero é refletir a atitude de Yoga em cada coisa que fazemos, a cada segundo
que vivemos. Do contrário, continuaremos sendo os mesmos tolos de sempre, longe
da auto-realização.
Ao
assumir a ocupação de instrutor de Yoga não significa que já somos sábios
realizados. Ensinando aos outros também estamos repetindo para nós mesmos o
ensinamento, pois precisamos estar ouvindo sempre, nos mantendo no trilho da
senda e é assim que nos tornamos um meio de transmissão desta tradição (parámpará).
Espera-se do instrutor que passemos adiante o ensinamento sem deturpações nem
invencionices, com coerência, honestidade, clareza e sinceridade. O dharma
do professor é buscar sua realização e ajudar os outros a se realizarem.
Meu amigo Tales Nunes sabiamente afirmou em seu livro,
intitulado “O Yoga e o Ser”, que “o maior ato que se pode fazer a si próprio é
a ajuda aos outros”. Nós, yogis, inclusive professores, não somos
santos, nem pessoas perfeitas. Temos defeitos e erramos como qualquer ser
humano. Mas o importante é que podemos despertar em nós o que temos de melhor,
de mais útil aos outros e ao todo. Igualmente, cultivamos nos nossos alunos o
que eles têm de mais sublime para oferecer ao bem comum, sendo esse um dos
nossos papeis na sociedade.”