Crônica sobre o ideal menstrual

Legenda foto: O sangue menstrual é representado como um comboio de contas de vidro. Comboio, de Kiki Smith, 1993, EUA (Em KOBLER, F. (2010). Corpo humano. O livro dos símbolos – reflexões sobre imagens arquetípicas, Colônia, p. 403, 2012)






























Todo mês este encontro está marcado. Alguns dias de leve introspecção anunciam previamente o que virá: aquele fluxo líquido, de vermelho vivo, silenciosamente comemorado pela mulher que está em paz com sua feminilidade. Sem qualquer dor ou desconforto, seguem-se 6 ou 7 dias de retiro, purgação, sentidos  aguçados e o canal intuitivo completamente aberto. Os cães sentem seu cheiro de longe e querem se aproximar. Devido à queda hormonal ela se torna menos disponível ao exterior e mais ao interior, como oportunidade de revisão geral, renovação física e mental. Não raro as noites de sono presenteiam-na com sonhos vívidos, misteriosos, cheios de símbolos. Nas horas de vigília, meditação, Pranayama ou prática de Yogasanas, muitos insights sobre o que passou, o que pode vir a ser, quem de fato ela é, em que estágio de seu desenvolvimento pessoal se encontra. Não é hora de avançar, mas de RE-COLHER-SE. Irremediáveis animais, as mulheres ao redor passam a menstruar juntas, e instintivamente compõem uma rede de partilhas femininas, como nas tradições antigas se faziam as reuniões femininas de Lua Nova.

O quê? Com você não é bem assim? Achou este texto estranho? Absurdo? Pois ele trata de uma projeção (ou seria  provocação?) do que pode ser um período menstrual saudável e bem aproveitado. Vamos refletir sobre porque a vida “real” tantas vezes está distante disso e como nossa prática de Yogasanas pode nos levar cada vez mais para dentro deste fato: CADA MULHER VIVE QUATRO VIDAS (estados internos de corpo e mente) DIFERENTES AO LONGO DE UM SÓ MÊS.

Praticantes e professores devem aprender a ler os sintomas destes estados internos como barômetro da saúde e ferramenta de cuidado de si e de suas alunas. Fluxo muito intenso ou muito ralo, denso ou líquido. Período longo demais ou curto demais. Dor de cabeça, cólica, dor sacro-lombar. Oscilações drásticas de humor. Como ajustar tudo isso com a ajuda dos Asanas? Não raro recebemos em nossas aulas a aluna que no período menstrual se ressente em “ter que” fazer Asanas diferentes do resto da turma. Como apresentar a elas propostas adequadas, ensinando-as a gerenciar sua prática?

Um exemplo simples: há anos atrás, quando ouvi de uma professora durante uma aula a pergunta “você está no início ou no fim do período menstrual?”, pensei: “o que? Isso faz alguma diferença à minha prática?” E a resposta é: sim, faz muita. Temos muito o que aprender com nosso período menstrual.

CURSO RELACIONADO, NESTA LUA MINGUANTE DE ABRIL:
TEMA: A MULHER ENCONTRA A MENSTRUAÇÃO SAUDÁVEL.  
data: neste sábado 06/04, de 14h a 16h
LOCAL: Dentro do módulo do curso Aprendendo a Ensinar Yoga, da escola Yoga Dham.
inscrições: cursos@yogadham.com.br
info: fabirodriguesyoga.blogspot.com.br/

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