Vamos entrando? A casa é sua! Registros de minha primeira aula com Prashanti Iyengar





Um zoom de fora pra dentro nas moradas do bairro de BKS Iyengar: aqui os indianos têm o hábito de colocar plaquinhas nas portas dos apartamentos (ao invés de números) com os nomes de quem ali mora. As entradas das casas são coroadas com guirlandas e  flores e não raro a imagem de uma divindade, o mais comum é Ganesha: lembrança e desejo de que ao entrar em nossa morada sejamos abençoados e presenteados com caminhos abertos.


Pune . 01 de agosto de 2013. First class at RIYMI
7 a.m. a 9 a.m. Aula com Prashanti Iyengar

Depois dos mantras e invocações Prashanti pede para que fiquemos em permanência em determinados Asanas como Adhomuka Svanasana nas kuruntas, depois Bharadvajasana, depois Utthita Hasta Padangusthasana com apoio. Durante a permanência ele pedia pra que fizéssemos imanência da nossa percepção na respiração, e buscássemos incorporar-nos ao Asana. Corpo-mente, embodyment.

Depois nos chamou pra perto de si, como fez diversas vezes durante a aula, entre um Asana e outro, e nos chamou à atenção pra que cada um de nós ali fala inglês de um jeito. Ele, por exemplo, não fala english, mas ‘indish’, o inglês indiano. E todos caíram na risada. Ele sorri. Então provavelmente não vamos conseguir nos comunicar com perfeição nesta linguagem falada, mas devemos tentar sintonizar-nos em outro tipo de comunicação, a do yoga, a do asana, a da condução da prática, da busca pelo yoga.

Temos que ajustar o canal de observação como as estações de um radio. Se tentarmos ouvir várias estações de radio ao mesmo tempo não vamos entender nada, será só confusão pra nossa mente. Um radio sintonizado na mesma frequência vai captar uma estação diferente em cada país ou cidade. Assim também funciona com os Asanas. Podemos fazer o mesmo Asana muitas vezes, ajustando a estação para observar a camada dos músculos somente, como se quiséssemos ouvir somente band News. Ou fazer trikonasana ajustando  a estação para ouvir somente os órgãos abdominais. Ou a coluna, a respiração e então finalmente a mente.

Disse que yoga não é work-out, e sim work-in. Tem que ser pra dentro. Muitos de nós fomos ensinados a performizar o Asana com alinhamentos perfeitos como que para uma câmera, e isso não importa, o que importa é o que vc consegue sentir que está extraindo dali. Pediu que saiamos desta ilusão, que não entremos nela, não fiquemos nela! E os professores não podem dar tantos comandos de alinhamento a ponto de acabar tirando o praticante de sua jornada pra dentro, de estar a chama-lo para o que vem de fora como sua voz por exemplo. Ao mesmo tempo, Prashanti falou o tempo todo durante nossa permanência, mas era uma condução que nos levava mais e mais pra dentro. Não fez correções de alinhamento, mas nos conduziu à nossa jornada pra dentro, que cada um ali fez de um jeito. Cada um ali praticava o Asana como sabia, com o background que trouxe, o desafio era ir de verdade pra dentro.

Prashanti falou também sobre a função do yoga. Porque estamos aprendendo Yoga? Esta pergunta serve também por exemplo para a alimentação. Por que comemos? Quando nos sentamos pra comer devemos pensar no que precisamos pra nossa condição atual. Por exemplo, se temos constipação, ou se temos baixa imunidade... o que ingerimos deve corresponder a estas necessidades, não podemos comer de modo inconsciente. 

Você consegue ir pra dentro? Consegue sentir seu corpo, sua respiração, sua mente? O que vc está conseguindo agora? O que está sentindo agora?

Temos que procurar entender o que estamos querendo aqui nestas aulas: é ajustar nossa estação para ouvir o corpo físico e cada uma de suas camadas, e depois ajustamos a estação para ouvir a respiração, depois a mente.