
"A palavra 'yoga' tem origem na raiz sânscrita yuj que significa união. No plano espiritual, isso significa a união do eu individual com o Ser Universal. Yoga é a união do corpo, mente, emoções e intelecto", diz também Iyengar. Para que esta união se dê de fato, é preciso se estar totalmente presente na própria existência a cada segundo. Cada distração é desunião, é viver nas partes e não na plenitude.
No livro Água Viva, Clarice Lispector tem como tema central o que chama de “instante-já”, que é fugidio porque há um segundo atrás já é passado, e o próximo ainda é futuro. Neste sentido, a prática de yogasanas pelo método Iyengar nos treina a estarmos presentes, encarnados de fato, com a mente conectada e consciente dos alinhamentos no corpo físico, o que é uma forma de estar no “instante já”, de amar a realidade sem fugir, aceitando suas condições e trabalhando para lapidá-las. Experimente conectar a ponta do dedão do pé à posição do seu pescoço enquanto você realiza Salamba Sirsasana (postura da foto acima), por exemplo. Não há como escapar: você precisa estar no corpo inteiro ao mesmo tempo, consciente das interconexões, e unificando-as. Isto é, ser quem você é, em sua plenitude, sem fantasias nem depreciações. Caso contrário você não estaria realizando a postura. É simplesmente ser, sem julgamentos ou projeções.
Uma vez um professor de yoga disse em uma aula: no processo de meditação, o mais interessante é perceber o que você não é, ao invés de tentar compreender o que você é. Este último é intraduzível, indescritível. Você é essência pura. Meditar é conectar-se a isso, e descascar as camadas de identificação criada, de rótulos e arquétipos que construímos ao redor de nós. Assim, entendemos que realizar posturas com presença também é meditar.
Uma pessoa sem presença fica esvaziada, murcha. A pessoa que está completamente presente infla seu corpo físico com o sopro reluzente de sua existência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá. Deixe seu comentário.