Com muita massagem, dieta e mudança de hábitos é possível limpar as toxinas do corpo. Veja a experiência de quem fez um tratamento ayurvédico – e ficou com a saúde tinindo!
Texto Fabiana Rodrigues. Fotos Manuel Nogueira
“Você gosta mais do tempo quente ou frio?” Sentada na cadeira do consultório, de frente para o médico, me surpreendi com a pergunta. Eu gosto mais do calor, no frio minha sinusite fica pior e os intestinos, mais presos. Então ele me pediu para ficar de pé e colocar a língua para fora. Depois de observála atentamente, contou que havia acúmulo de toxinas em meu corpo. Tomou meu pulso por alguns segundos e disse: “Você é Vata-Pitta, ar e fogo são os elementos da natureza que a regem”. Tudo parecia muito interessante.
Bem, é que essa não era uma consulta convencional, mas com um especialista em ayurveda, a tradicional ciência indiana. Eu o procurei porque andava com baixa imunidade, tinha resfriados constantes, muito cansaço, e sentia que o problema não estava nas gripes, mas no que havia por trás delas. Queria um profissional que pudesse olhar para minha saúde como um todo. E este é justamente o princípio dessa terapia oriental: observar as características físicas e comportamentais de cada pessoa e levar em conta os hábitos alimentares e do cotidiano para fazer seus diagnósticos.
O local era São Paulo, mas meu médico aprendeu na Índia, há muitos anos, como identificar por meio do pulso a proporção dos doshas – Vata, Pitta ou Kapha, que correspondem aos elementos da natureza que compõem os seres vivos. Vata representa ar e éter (seco, leve e frio: geralmente pessoas com atividade mental acelerada, de cabelo e pele claros e secos). Pitta, fogo e água (quente, oleoso e leve: pessoas ágeis e enérgicas). E Kapha, terra e água (úmido, pesado e frio: pessoas lentas, pele oleosa, estrutura óssea grande). Segundo a tradição indiana, todos temos uma mistura dos três tipos, e normalmente um ou dois em maior proporção. Mas quando estão em desequilíbrio sofremos uma série de desconfortos – é aí que aparecem as doenças.
Ayurveda significa em sânscrito “ciência da vida”, e faz parte dos Vedas (antigos textos sagrados da Índia), um extenso conjunto de práticas preventivas e de tratamentos para uma vida mais equilibrada. Surgiu há mais de 3 mil anos e desde então influencia o pensamento filosófico dos indianos. Ainda hoje é praticada em larga escala, principalmente no sul do país.
No Brasil, é possível encontrar profissionais que trabalham com essa medicina em clínicas particulares especializadas. Mas, segundo Danilo Maciel Carneiro, diretor da Associação Brasileira de Ayurveda, o Ministério da Saúde está avaliando a possibilidade de incluir o ayurveda na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, que já inclui a homeopatia, a medicina tradicional chinesa, a antroposofia e a fitoterapia.
Meu médico chegou ao diagnóstico depois de me entrevistar e descobrir como é meu estilo de vida, meus gostos, meus hábitos – além de observar meu tipo físico e fazer um exame médico convencional ali mesmo na clínica, com atenção especial para língua, pele, olhos e pulso. Conclusão: estava fora dos eixos. Como tratamento, me propôs uma limpeza das toxinas, usando um método chamado Panchakarma, ou “cinco ações”, que são: limpeza de toxinas acumuladas na cabeça (vias nasais, boca, olhos e ouvidos) com aplicação de substâncias medicinais como óleos, sucos de plantas e inalação de fumaça; e alguns bem radicais como a indução de vômito; a ingestão de ervas para provocar uma limpeza do trato digestivo; a limpeza dos intestinos com óleos e líquidos; e a purificação do sangue, por meio da retirada de um certo volume – para que um sangue novo seja produzido rapidamente, melhorando o fluxo sanguíneo. “Qualquer uma das cinco ações requer uma cuidadosa etapa preparatória do corpo antes de ser realizada”, diz o médico Luiz Guilherme Correa Neto, especializado em psicanálise, homeopatia e certificado em ayurveda.
O tratamento só pode ser praticado com orientação médica e há casos em que é contraindicado: pessoas acima de 70 anos, mulheres grávidas, crianças, obesos, pessoas com a saúde muito debilitada, entre outros. “É preciso haver um mínimo de saúde e vigor para que o corpo consiga fazer o trabalho”, diz Luiz Guilherme. Pode-se realizar o tratamento completo ou uma parte dele – como foi o meu caso. Fiz apenas a limpeza do sistema digestivo. Pré-tratamentoRecebi uma lista de orientações para diminuir o nível de toxinas no meu corpo. Segundo o ayurveda, cada pessoa processa melhor alguns tipos de alimento que outros – depende do seu tipo (ou dosha). E eu achava que qualquer alimento natural seria benéfico à saúde – mas a comida e a maneira de preparo também devem seguir os tipos físicos. Por exemplo, leite é excelente para Vata, desde que tomado quente, em pequena quantidade e com especiarias. Mas é de difícil digestão para Kapha, por induzir a formação de muco, que já é tendência desse dosha, e acaba ficando em excesso. O próprio organismo, sobrecarregado e no esforço de administrar o desequilíbrio, acaba produzindo toxinas. Eu deveria evitar carnes de qualquer tipo, ovos, alimentos processados e artificiais, refrigerantes, álcool, tabaco, café em excesso e outros estimulantes, farinha e açúcar refinado, adoçantes artificiais, alho, cebola, condimentos fortes e alimentos cozidos em microondas. Em paralelo, tomei chás com ervas medicinais por cinco dias, indicadas para estimular a digestão. E não era só isso. Deveria evitar fazer refeições em ambientes barulhentos ou comer rapidamente, lendo ou assistindo TV. Ao longo dos 40 dias de tratamento, foram acrescentadas mais restrições, até que na última semana eu deveria comer somente legumes pouco cozidos e com pouco sal. Mas não para por aí: além das toxinas que ingerimos, existem as produzidas pelo nosso corpo. Por isso só depois de 40 dias de mudanças de hábitos alimentares que eu iria de fato começar o tratamento. Mudança de hábitosA minha rotina também iria mudar drasticamente: eu deveria acordar meia hora antes de o sol nascer, beber uma xícara de água morna com gotas de limão e mel, fazer o intestino funcionar, escovar os dentes raspando a língua com haste flexível, tomar banho morno lavando a cabeça com água fria, hidratar e aquecer meu corpo com óleo de amêndoas, vestir roupas limpas e confortáveis, fazer uma prática física de baixo impacto, meditar e só então me alimentar da forma orientada. No meio da manhã comeria uma fruta e tomaria um chá digestivo com gengibre 30 minutos antes do almoço. O horário ideal da refeição era por volta do meio-dia e, se batesse uma fominha, comeria outra fruta durante a tarde. O jantar leve seria às 19 horas, e terminaria o dia com uma caminhada, conversas agradáveis, música suave ou leituras espirituais. Antes de deitar, alguns minutos de meditação, automassagem suave com óleo de gergelim aquecido no topo da cabeça e planta dos pés por 5 minutos. Por fim, tomaria um copo de leite quente com cúrcuma ou gengibre para dormir, no máximo, às 23 horas.
Ou seja, de uma vida social agitada, festas, muito trabalho, poucas horas de sono, práticas físicas vigorosas e alguns vícios como açúcar e café, comecei a desacelerar. Os amigos foram avisados de que eu entraria numa espécie de reclusão, da qual muito provavelmente voltaria com vontade de substituir antigos hábitos. Mudanças são pequenas mortes, então assisti a situações nas quais eu estava antes inserida acontecerem sem mim. Por 40 dias, eu tive que fazer minha própria comida (obviamente nenhum restaurante tinha uma refeição de acordo com minha lista de restrições), levá-la na marmita para o trabalho, dormir enquanto as pessoas se encontravam e deixar o conforto das cobertas na cama muito cedo. Quando se vive numa cidade como São Paulo, essa atitude parece radical. A adaptação foi difícil, com escapadelas e recaídas durante o processo. Inevitável, o salto era grande demais. De fora para dentroNa terceira semana, comecei a receber massagens com óleos. Mas antes fiz o que é chamado de oleação interna: por cinco dias de manhã, em jejum, eu tinha que ingerir uma xícara de café de ghee líquido morno (manteiga purificada) misturado com cinco ervas muito amargas em pó. Essa foi dureza. Depois sim, a oleação externa – e muito mais gostosa: por mais cinco dias, uma seção matinal diária de uma hora e meia de massagens a quatro mãos, com uma quantidade abundante de óleos, realizadas por terapeutas especializados. Ao fim de cada sessão, vem o shirodhara, outra maravilha: ainda deitada na maca, um óleo espesso e morno era gentilmente derramado em fluxo contínuo sobre minha testa e escorria para a parte de trás da cabeça. A sessão, que pode durar até 40 minutos, deixa a mente totalmente relaxada. No fim, eu bebia uma xícara de chá digestivo e entrava numa sauna onde minha cabeça ficava para fora, para eliminar as toxinas pela pele.
Esvaziar e limpar para poder encher de novo. Esse é o princípio da penúltima etapa, a purgação de fato, feita num único dia. Pela manhã, em jejum, tomei ervas medicinais purgativas e óleo de rícino, que estimulam a evacuação e esvaziam completamente os intestinos. Para manter a hidratação ao longo do dia, bebia água morna pura. “É um processo natural, fisiológico e autolimitado, ou seja, cessa sozinho após cinco ou seis idas ao banheiro, quando não há mais o que expelir”, diz Luiz Guilherme. No fim do dia, já podia comer pequenas porções de papa de arroz. Foi um dia de resguardo, fiquei em casa com conforto, me sentindo muito bem, nada fragilizada como imaginava, porque meu corpo já estava preparado e forte.
O que fica e o que sai No pós-tratamento, continuei mais uma semana com a dieta prescrita no início, práticas leves de ioga e meditação. Depois voltei gradualmente à rotina, pois o corpo fica muito sensível, e qualquer toxina leve (como cafeína, açúcar e álcool) pode causar muito mais desequilíbrio que antes.
Os benefícios foram muitos: ganho de vigor físico e mental, equilíbrio emocional, melhor qualidade do sono e o principal: a ampliação da consciência do meu corpo. Num primeiro momento, alguns de meus antigos maus hábitos voltaram e, com eles, o desequilíbrio. Fiz revisões, mas precisei aceitar que hábitos necessitam de tempo, vontade e atenção para serem modificados. Quase tudo o que a gente tem para aprender está mesmo dentro da gente – e, por mais difícil que pareça, esse encontro vale o esforço. Nem que leve uma encarnação inteira, ou várias, como acreditam os indianos.
Bem, é que essa não era uma consulta convencional, mas com um especialista em ayurveda, a tradicional ciência indiana. Eu o procurei porque andava com baixa imunidade, tinha resfriados constantes, muito cansaço, e sentia que o problema não estava nas gripes, mas no que havia por trás delas. Queria um profissional que pudesse olhar para minha saúde como um todo. E este é justamente o princípio dessa terapia oriental: observar as características físicas e comportamentais de cada pessoa e levar em conta os hábitos alimentares e do cotidiano para fazer seus diagnósticos.
O local era São Paulo, mas meu médico aprendeu na Índia, há muitos anos, como identificar por meio do pulso a proporção dos doshas – Vata, Pitta ou Kapha, que correspondem aos elementos da natureza que compõem os seres vivos. Vata representa ar e éter (seco, leve e frio: geralmente pessoas com atividade mental acelerada, de cabelo e pele claros e secos). Pitta, fogo e água (quente, oleoso e leve: pessoas ágeis e enérgicas). E Kapha, terra e água (úmido, pesado e frio: pessoas lentas, pele oleosa, estrutura óssea grande). Segundo a tradição indiana, todos temos uma mistura dos três tipos, e normalmente um ou dois em maior proporção. Mas quando estão em desequilíbrio sofremos uma série de desconfortos – é aí que aparecem as doenças.
Ayurveda significa em sânscrito “ciência da vida”, e faz parte dos Vedas (antigos textos sagrados da Índia), um extenso conjunto de práticas preventivas e de tratamentos para uma vida mais equilibrada. Surgiu há mais de 3 mil anos e desde então influencia o pensamento filosófico dos indianos. Ainda hoje é praticada em larga escala, principalmente no sul do país.
No Brasil, é possível encontrar profissionais que trabalham com essa medicina em clínicas particulares especializadas. Mas, segundo Danilo Maciel Carneiro, diretor da Associação Brasileira de Ayurveda, o Ministério da Saúde está avaliando a possibilidade de incluir o ayurveda na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, que já inclui a homeopatia, a medicina tradicional chinesa, a antroposofia e a fitoterapia.
Meu médico chegou ao diagnóstico depois de me entrevistar e descobrir como é meu estilo de vida, meus gostos, meus hábitos – além de observar meu tipo físico e fazer um exame médico convencional ali mesmo na clínica, com atenção especial para língua, pele, olhos e pulso. Conclusão: estava fora dos eixos. Como tratamento, me propôs uma limpeza das toxinas, usando um método chamado Panchakarma, ou “cinco ações”, que são: limpeza de toxinas acumuladas na cabeça (vias nasais, boca, olhos e ouvidos) com aplicação de substâncias medicinais como óleos, sucos de plantas e inalação de fumaça; e alguns bem radicais como a indução de vômito; a ingestão de ervas para provocar uma limpeza do trato digestivo; a limpeza dos intestinos com óleos e líquidos; e a purificação do sangue, por meio da retirada de um certo volume – para que um sangue novo seja produzido rapidamente, melhorando o fluxo sanguíneo. “Qualquer uma das cinco ações requer uma cuidadosa etapa preparatória do corpo antes de ser realizada”, diz o médico Luiz Guilherme Correa Neto, especializado em psicanálise, homeopatia e certificado em ayurveda.
O tratamento só pode ser praticado com orientação médica e há casos em que é contraindicado: pessoas acima de 70 anos, mulheres grávidas, crianças, obesos, pessoas com a saúde muito debilitada, entre outros. “É preciso haver um mínimo de saúde e vigor para que o corpo consiga fazer o trabalho”, diz Luiz Guilherme. Pode-se realizar o tratamento completo ou uma parte dele – como foi o meu caso. Fiz apenas a limpeza do sistema digestivo. Pré-tratamentoRecebi uma lista de orientações para diminuir o nível de toxinas no meu corpo. Segundo o ayurveda, cada pessoa processa melhor alguns tipos de alimento que outros – depende do seu tipo (ou dosha). E eu achava que qualquer alimento natural seria benéfico à saúde – mas a comida e a maneira de preparo também devem seguir os tipos físicos. Por exemplo, leite é excelente para Vata, desde que tomado quente, em pequena quantidade e com especiarias. Mas é de difícil digestão para Kapha, por induzir a formação de muco, que já é tendência desse dosha, e acaba ficando em excesso. O próprio organismo, sobrecarregado e no esforço de administrar o desequilíbrio, acaba produzindo toxinas. Eu deveria evitar carnes de qualquer tipo, ovos, alimentos processados e artificiais, refrigerantes, álcool, tabaco, café em excesso e outros estimulantes, farinha e açúcar refinado, adoçantes artificiais, alho, cebola, condimentos fortes e alimentos cozidos em microondas. Em paralelo, tomei chás com ervas medicinais por cinco dias, indicadas para estimular a digestão. E não era só isso. Deveria evitar fazer refeições em ambientes barulhentos ou comer rapidamente, lendo ou assistindo TV. Ao longo dos 40 dias de tratamento, foram acrescentadas mais restrições, até que na última semana eu deveria comer somente legumes pouco cozidos e com pouco sal. Mas não para por aí: além das toxinas que ingerimos, existem as produzidas pelo nosso corpo. Por isso só depois de 40 dias de mudanças de hábitos alimentares que eu iria de fato começar o tratamento. Mudança de hábitosA minha rotina também iria mudar drasticamente: eu deveria acordar meia hora antes de o sol nascer, beber uma xícara de água morna com gotas de limão e mel, fazer o intestino funcionar, escovar os dentes raspando a língua com haste flexível, tomar banho morno lavando a cabeça com água fria, hidratar e aquecer meu corpo com óleo de amêndoas, vestir roupas limpas e confortáveis, fazer uma prática física de baixo impacto, meditar e só então me alimentar da forma orientada. No meio da manhã comeria uma fruta e tomaria um chá digestivo com gengibre 30 minutos antes do almoço. O horário ideal da refeição era por volta do meio-dia e, se batesse uma fominha, comeria outra fruta durante a tarde. O jantar leve seria às 19 horas, e terminaria o dia com uma caminhada, conversas agradáveis, música suave ou leituras espirituais. Antes de deitar, alguns minutos de meditação, automassagem suave com óleo de gergelim aquecido no topo da cabeça e planta dos pés por 5 minutos. Por fim, tomaria um copo de leite quente com cúrcuma ou gengibre para dormir, no máximo, às 23 horas.
Ou seja, de uma vida social agitada, festas, muito trabalho, poucas horas de sono, práticas físicas vigorosas e alguns vícios como açúcar e café, comecei a desacelerar. Os amigos foram avisados de que eu entraria numa espécie de reclusão, da qual muito provavelmente voltaria com vontade de substituir antigos hábitos. Mudanças são pequenas mortes, então assisti a situações nas quais eu estava antes inserida acontecerem sem mim. Por 40 dias, eu tive que fazer minha própria comida (obviamente nenhum restaurante tinha uma refeição de acordo com minha lista de restrições), levá-la na marmita para o trabalho, dormir enquanto as pessoas se encontravam e deixar o conforto das cobertas na cama muito cedo. Quando se vive numa cidade como São Paulo, essa atitude parece radical. A adaptação foi difícil, com escapadelas e recaídas durante o processo. Inevitável, o salto era grande demais. De fora para dentroNa terceira semana, comecei a receber massagens com óleos. Mas antes fiz o que é chamado de oleação interna: por cinco dias de manhã, em jejum, eu tinha que ingerir uma xícara de café de ghee líquido morno (manteiga purificada) misturado com cinco ervas muito amargas em pó. Essa foi dureza. Depois sim, a oleação externa – e muito mais gostosa: por mais cinco dias, uma seção matinal diária de uma hora e meia de massagens a quatro mãos, com uma quantidade abundante de óleos, realizadas por terapeutas especializados. Ao fim de cada sessão, vem o shirodhara, outra maravilha: ainda deitada na maca, um óleo espesso e morno era gentilmente derramado em fluxo contínuo sobre minha testa e escorria para a parte de trás da cabeça. A sessão, que pode durar até 40 minutos, deixa a mente totalmente relaxada. No fim, eu bebia uma xícara de chá digestivo e entrava numa sauna onde minha cabeça ficava para fora, para eliminar as toxinas pela pele.
Esvaziar e limpar para poder encher de novo. Esse é o princípio da penúltima etapa, a purgação de fato, feita num único dia. Pela manhã, em jejum, tomei ervas medicinais purgativas e óleo de rícino, que estimulam a evacuação e esvaziam completamente os intestinos. Para manter a hidratação ao longo do dia, bebia água morna pura. “É um processo natural, fisiológico e autolimitado, ou seja, cessa sozinho após cinco ou seis idas ao banheiro, quando não há mais o que expelir”, diz Luiz Guilherme. No fim do dia, já podia comer pequenas porções de papa de arroz. Foi um dia de resguardo, fiquei em casa com conforto, me sentindo muito bem, nada fragilizada como imaginava, porque meu corpo já estava preparado e forte.
O que fica e o que sai No pós-tratamento, continuei mais uma semana com a dieta prescrita no início, práticas leves de ioga e meditação. Depois voltei gradualmente à rotina, pois o corpo fica muito sensível, e qualquer toxina leve (como cafeína, açúcar e álcool) pode causar muito mais desequilíbrio que antes.
Os benefícios foram muitos: ganho de vigor físico e mental, equilíbrio emocional, melhor qualidade do sono e o principal: a ampliação da consciência do meu corpo. Num primeiro momento, alguns de meus antigos maus hábitos voltaram e, com eles, o desequilíbrio. Fiz revisões, mas precisei aceitar que hábitos necessitam de tempo, vontade e atenção para serem modificados. Quase tudo o que a gente tem para aprender está mesmo dentro da gente – e, por mais difícil que pareça, esse encontro vale o esforço. Nem que leve uma encarnação inteira, ou várias, como acreditam os indianos.
EXTRAS
Associação Brasileira de Ayurveda: www.ayurveda.org.br
Hospital de Medicina Alternativa de Gioânia: www.hma.goias.gov.br
Instituto Kerala Ayurveda Chikitsalayam, de Puna, na Índia: www.keralayurveda.com
Hospital de Medicina Alternativa de Gioânia: www.hma.goias.gov.br
Instituto Kerala Ayurveda Chikitsalayam, de Puna, na Índia: www.keralayurveda.com
Publicado na Revista Vida Simples. Edição de julho de 2009.