Vivemos há alguns séculos num mundo em que “feminino e
masculino são uma polaridade desequilibrada. Direitos iguais para os homens
nunca foram inspiração para uma marcha de protesto ou greve de fome. Em nenhum
país do mundo os homens são considerados legalmente incapazes, como ocorreu com
mulheres de várias nações europeias até o século XX e ainda ocorre em vários
países muçulmanos, do Marrocos ao Afeganistão. Nenhum país deu o direito de voto
primeiro às mulheres para só depois concedê-lo aos homens. Ninguém jamais
pensou que os homens fossem o segundo sexo.”[1]
Nas sociedades tribais os rituais tântricos – cultos e práticas mágicas populares com ensinamentos
esotéricos e iniciáticos –, eram “meios de invocar os aspectos benéficos dos
elementos e das divindades, trazendo segurança para as pessoas. Quando do
aniquilamento das formas tribais de organização e imposição do poder central
sacerdotal, o sentimento de estar à mercê de um deus ou rei todo poderoso, ou
de seus representantes, fez com que as pessoas do povo se apegassem ainda mais
ao culto à Deusa-mãe”[2],
tida como figura da mãe natural, entendida como potência de vida e, portanto, desta
protetora.
“Os princípios feminino e masculino, como aspectos duais
de uma matriz maior, são qualidades vibratórias da energia que é neutra e que
permeia todo o universo. Ambos necessários para descrever adequadamente a
realidade que conhecemos, são tendências opostas e complementares, presentes em
todos os seres vivos. Todo movimento, toda expressão, todo comportamento é
constituído de uma mescla de ambas as polaridades, ainda que em proporções
diferentes.”[3]
No tantra[4],
Shiva e Shakti são, respectivamente, os princípios de consciência e poder;
transcendência estática e movimento contínuo; inércia e paixão. “O poder,
aspecto ativo e imanente da divindade é chamado de Shakti. Todo e qualquer deus necessita de sua Shakti ou será incapaz de agir.”[5]
Shakti seria o princípio produtivo
simbolicamente feminino, e Shiva a
consciência sem ação.
Portanto, feminino e masculino são uma dicotomia ilusória [6],
já que o primeiro seria a alma e o segundo a consciência, compondo a totalidade
psíquica, e sendo assim inseparáveis em um único todo. O par divino Shakti-Shiva, pode ser abstratamente
expresso como símbolo supremo do princípio vital.
VAJRASANA
‘O vajra é um
símbolo arcaico de poder, encontrado em coroas de deidades da vegetação e em
selos da civilização do vale do rio Indo.’[7]
Vajrasana (ilustração acima) seria o
‘assento de diamante’, estado mítico de união psicossexual com a Deusa.”[8]
Todo o universo provém de uma união de uma yoni
com um lingam.
Até mesmo no Hatha
Yoga, sistema de práticas desenvolvido para o despertar da energia psíquica
potencial humana (Kundalini) por meio
do esforço físico, temos esta relação. Hatha,
em sânscrito, literalmente significa esforço extremo. Mas há algo lindo por
trás disso: Ha = Sol e Tha = Lua, o que significa que este
esforço extremo depende da integração das duas forças solar (masculina) e lunar
(feminina), para o despertar da potencialidade humana. Estamos portanto falando
de fertilidade, em toda a sua extensiva expressão, como integração de forças.
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[1] SONNTAG, S. Mulheres. In Folha de São Paulo. Caderno 2. P. D9. 8 de janeiro de 2000.
Tradução e edição de texto de Ruth Helena Bellinghini.
[2] VON KOSS, M.. Tantra e a polaridade sexual divina. In Feminino + Masculino – uma nova coreografia
para a eterna dança das polaridades. São Paulo: Escrituras, 2000. P. 37-60.
[3] VON KOSS, M. Feminino e masculino: uma dicotomia
ilusória. In Feminino + Masculino – uma
nova coreografia para a eterna dança das polaridades. São Paulo:
Escrituras, 2000. P. 209.
[4] “O Hatha Yoga
tem suas raízes na Índia antiga, mas ganhou muita força no período medieval
(séculos IX a XVI)... O período em que ele surgiu coincide com um momento muito
especial em que os adeptos do Tantra
apresentaram a uma Índia pasmada e acomodada no ritualismo bramânico uma visão
revolucionária e dinâmica do universo e do Homem. Para os tântricos o corpo não
é mais causa de pecado e perdição, mas veículo para a transcendência e a
realização da natureza divinal do Homem”. KUPFER, P. Introdução. In YOGENDRA, Svatmarama. Hatha Yoga Pradipika. Florianópolis:
Dharma, 2002. P. 7-12.
[5] VON KOSS, M. Tantra e a polaridade sexual divina. In Feminino + Masculino – uma nova coreografia
para a eterna dança das polaridades. São Paulo: Escrituras, 2000. P. 44.
[6] VON KOSS, M. Feminino
+ Masculino – uma nova coreografia para a eterna dança das polaridades. São
Paulo: Escrituras, 2000.
[7] RAWSON, P. The
art of Tantra. New York: Thames and Hudson, 1992. P. 9-10.
[8] WALKER, B. Vajra. In Woman’s Encyclopedia of Myths and Secrets. San Francisco: Harper,
1983. P.1037.