Prashant, backbends e a linguagem do desconhecido



Terça-feira, 20 de agosto de 2013. RIMYI Prashantji’s class. 7h – 9h a.m.

“... Mas o ritmo nostálgico de um canto indiano bruscamente acorda-me do sonho e torno a mergulhar nessa singular mistura de prazer e dor que os Homens chamam – VIDA”. Paul Brouton em A Índia Secreta.


Mais uma vez tentarei recuperar o que pude captar na preciosidade das palavras de Prashant. 

“Coloquem-se totalmente integrados: mente, corpo, respiração. Isto não é uma postura. Não há sentido algum em chamarem o que estão fazendo de posturas. Se você vai por exemplo comer um chapati você vai dizer que comeu farinha por acaso? Se vai na padaria você pede farinha ou pão? Se vai num restaurante você pede proteína ou uma refeição? Da mesma maneira, isto não é uma postura que você assume com seu corpo. É uma mistura de muitas coisas, é um Asana.
Vocês precisam aprender o que está escrito enquanto realizam um Asana. O que está escrito na sua respiração? Hoje estamos fazendo Backbends, então você tem que ler o que está escrito nas suas costas. Não nesta parte do corpo que vocês chamam de costas. Mas num espaço subjetivo e talvez desconhecido pra você, com o qual você tem pouco contato. O que está escrito neste lugar quando você faz Urdhva Muka Svanasana, Ustrasana, Urdhva Dhanurasana? Como você pode usar a respiração para acessar o que está escrito? A respiração é um canal de comunicação.
Suponhamos que você vá à escola e na sala de aula tem um quadro negro (blackboard). Estão escritas coisas nele. Você não vai à escola para aprender o quadro negro, e nem tampouco somente as letras que nele contêm, mas o significado contido nelas.  Você vai aprender primeiro a ler, depois a entender o significado, e só depois a escrever. Se vou à escola e está escrito no quadro negro em chinês, não poderei entender nada e em algum momento vai perder o sentido pra mim, se eu não aprender aquela linguagem. Então você como praticante tem que aprender a ler a si mesmo enquanto realizando um Asana, caso contrário não poderei sequer alcança-los com o que digo aqui. E como professores vocês têm que estar fluentes em ler e compreender, para então poderem escrever, comunicar, ensinar.
Por acaso Patãnjali, nos três sutras em que fala de Asanas, menciona músculos, articulações? Imaginem se Patãnjali entrasse numa sala de aula de yoga hoje em dia e ouvisse um professor dizendo somente coisas como ‘girem os ombros, levantem as patelas, firme as coxas’... O que iria pensar Patãnjali?! (risos) Não podemos realizar Asanas só com nosso físico. Yoga não é para o corpo nem é para a psique. É para o seu todo.”

E Prashant brincou com um jogo de palavras que faz mais sentido em inglês:
Blackboard / bodyboard / backboard / backologie / backtanic / backosophy / backography, etc...
Que em português fica mais ou menos assim:
Quadro negro / quadro do corpo / quadro das costas / biologia das costas / botânica das costas / filosofia das costas / biografia das costas, etc...