YOGA PARA MULHERES módulo 1: resultados

“A natureza da mulher está relacionada a seu útero. Portanto sempre que ela se expõe a qualquer tipo de stress físico, fisiológico, emocional ou psicológico, ela tende a prender (segurar, contrair) o útero.” Geeta Iyengar

O STRESS E A MULHER

Algumas mulheres estão em busca da parcela de seu feminino que foi esquecida ao longo das décadas, mais significativamente dos anos 70 pra cá, com a inserção do gênero na vida econômica mundial. A jornada abriu-lhes portas para áreas do conhecimento onde têm acrescentado muito, mas por outro lado demandou um esforço que ocupou espaço na vida cotidiana, excluindo algo que não podia ser perdido, e que há mais de três décadas vem se desmanchando no ar desde que saiu da boca de nossas trisavós sem encontrar abrigo em outro coração.

Talvez agora, com algum espaço já conquistado na sociedade produtiva (artística, científica, acadêmica), seja um bom momento para tentar unir o melhor dos dois mundos. Portanto, se você ainda tem sua menstruação (ou ausência dela) como sinônimo de desconforto, talvez seja a hora de se abrir para uma outra perspectiva: o primeiro dia do mês de uma mulher não é o mesmo do calendário, mas o dia em que ela menstrua. É o recomeço de sua vida mensal. A metáfora do período menstrual é o início, a renovação física e psicológica, revisão do mês inteiro, preparação para o próximo. De fato seu corpo elimina toxinas e tudo o que não foi usado durante o mês, uma faxina geral. É só observar que é bem comum o intestino “soltar”, ou o cheiro de sua urina e suor ficarem mais intensos. A ciência Ayurveda diz que por conta desta purgação mensal as mulheres têm chance de uma vida mais longa, não só pela limpeza fisiológica, mas porque são jogadas involuntariamente numa situação de baixa energia e baixa produção hormonal, que as obriga a descansar um pouco mais, recolhendo-se dos estímulos externos, recuperando assim a vitalidade e a clareza mental.

Este seria o natural. Mas talvez a supervalorização de uma vida prática e da velocidade de produção (mecanicismo) nos fez terceirizar os cuidados com nosso ciclo feminino para o médico, a pílula, e não temos mais contato com a sabedoria que nos ajuda a trazer conforto e aprendizado para este momento. O yoga e o ayurveda resgatam registros antigos e os põem em prática para potencializar nossa prosperidade física e emocional. Pra quem vive em grandes centros urbanos, estes saberes vêm não só curar feridas causadas pelo sufoco da falta de tempo pra se cuidar, mas também aprofundar os conhecimentos de quem já está conectado às suas profundezas. O desafio é administrar os compromissos do dia-a-dia com mais suavidade e amorosidade consigo em primeiro lugar, ouvindo o que o corpo, a intuição e as memórias têm a dizer. O tempo todo, no fundo, sabemos o que temos que fazer. É preciso algum silêncio para ouvir seu mestre interno. E é claro que estudos podem te dar ainda mais suporte.

COMO O YOGA PODE AJUDAR

Este resgate é poderoso e nem sempre fácil. Mas a garantia é que você aprimora a capacidade de se observar e entender o que está acontecendo, para não ficar refém da situação, e poder buscar saídas eficientes. No caminho, podem emergir sensações ruins. Sobre a raiva por exemplo, a Monja Coen responde: “não devemos reprimir a raiva nem soltá-la; apensa reconhecê-la. Temos de perceber como se manifesta no nosso corpo – tensão muscular, alterações respiratória e cardíaca. Podemos trabalhar o processo respiratório, inspirando e expirando profundamente. Não é apenas uma atitude passiva ou de repressão. Deve-se ter uma atitude de compreensão, aceitação e transmutação. Como transformar a raiva em compaixão, como compreender as pessoas que são injustas ou nos provocam estresse desnecessário? Isso não é apatia, mas ação não violenta em resposta às ações violentas que nos cercam. Dizem os cientistas que a raiva dura milésimos de segundos a passar pelo nosso sistema nervoso – o resto é memória. A raiva vem e vai. Deixe-a ir.” Mahatma Gandhi dizia que “os únicos demônios são os que habitam nosso coração. É nele que as batalhas devem ser travadas.” Pois bem. Mergulhemos um pouco mais fundo, além dos desconfortos, e encontraremos o bem-estar logo aí dentro. Este lugar pacífico e calmo. Se você permitir, certamente vai emergir algo que vive e pulsa naturalmente: uma doce amorosidade. A capacidade de nutrição, criação. E com ela vem a prosperidade.

Que assim seja e que este trabalho frutifique. No primeiro módulo do curso YOGA PARA MULHERES: SABER ANCESTRAL NA VIDA URBANA, trabalhamos o período menstrual. Entendemos que para as mulheres o bem-estar passa pelo equilíbrio hormonal. A produção de hormônios tem efeito no estado de espírito, no temperamento e na eficiência mental. Do grego Hormon – incitar, estas substâncias são responsáveis pelo funcionamento de nossos ciclos internos. É sabido que no período de ovulação, o natural é que a mulher sinta-se otimista autoconfiante, pois o estrogênio e a progesterona estão em nível máximo. Em contrapartida, nos períodos pré-menstrual e menstrual ela pode estar um pouco ansiosa, hostil ou lenta, pois os níveis hormonais caem bruscamente. Uma pesquisa mostra que aproximadamente 57% das internações psiquiátricas, crimes cometidos e tentativas de suicídios femininos, ocorrem nesse período de baixa produção hormonal. Portanto o caso é sério.

Patrícia Walden, em seu Livro de Yoga e saúde para a mulher, diz que “o ciclo menstrual é a essência da feminilidade. Tem um papel importante na integração corpo-mente que você busca, pois é um barômetro da sua saúde. Por qualquer irregularidade no seu ciclo você sabe que algo não vai bem. Por exemplo, se você teve que lidar com situações muito intensas ou stressantes durante o mês, provavelmente seu fluxo no próximo período será mais intenso que o habitual.” Observe. O ciclo te coloca em contato com as mulheres que você conhece, com a natureza, com a Terra. Então ciclos femininos não apenas refletem uns aos outros, mas imitam a natureza, assim como a lua e suas fases.

Durante a purgação mensal fígado e rins eliminam excessos hormonais gerados para o ciclo. Segundo Patrícia Walden, se o fígado não dá conta, tudo isso vai pro sangue, causando problemas como: sangramentos intensos, irregularidade no ciclo, fadiga, depressão, distúrbios digestivos. A prática das posturas indicadas para o período menstrual favorece o bom funcionamento do sistema descrito acima.

Observo muitas alunas vindo para a aula de yoga e se esquecendo de avisar o professor de que estão no período. Fazem a aula junto com o grupo, e somente quando o professore sinaliza a contra-indicação de algumas posturas para o estado delas é que se manifestam. O que não está errado, mas estas mulheres deixam de usufruir o que a prática de yoga teria de melhor pra elas neste momento: as posturas restauradoras e “secativas” do útero. Procure sempre conversar com o professor e juntos descubram o que é melhor pra você. Neste momento pratique quieta, se quiser até mesmo de costas para o grupo, voltada pra dentro, no canto da sala de aula ou ainda em casa, se percebe que sua mente está muito dispersa e vai facilmente se contagia com a energia do grupo. Faça permanências mais longas e com total conforto e entrega. Não economize nos acessórios (almofadão, cintos, blocos, cobertores).

Quem participou do módulo 1 ganhou uma lâmina impressa com a sequência de posturas que praticamos ilustrada, bem como seus nomes, benefícios e contra-indicações (sim, porque mesmo algumas restauradoras podem ter ressalvas, dependendo de seu estado). Como eu disse lá, fizemos uma deliciosa degustação dos asanas. Sugiro que você deve agora praticá-los mais, seguindo a permanência indicada, sentindo como funcionam pra você, fazendo anotações para suas próximas práticas.

No próximo módulo do curso vamos trabalhar o período pré e pós menstrual. Se você acompanha seu ciclo, sabe quando está neles. Se não sabe, procure aprender, pois poderá usar a prática de yoga como ferramenta poderosa para seu bem-estar não só neste momento, mas nos seguintes do mesmo ciclo e dos próximos. É um efeito em cadeia. Antes de menstruar as posturas preparam seu corpo, minimizando sintomas da TPM e garantindo que a fase seguinte seja mais confortável. Após 24 horas do término do sangramento, elas ajudam seu corpo a eliminar qualquer excesso hormonal não utilizado, que em caso de falha na eliminação acumulam-se, tornam-se toxinas e obscurecem pouco a pouco todos os seus sistemas.

Praticar os yogasanas adequados para cada fase equilibra sua produção hormonal, e sintomas que te acompanham há anos podem simplesmente desaparecer. Há casos de cura total e parcial de distúrbios como menorragia (sangramento intenso), amenorreia (ausência de sangramento), dismenorreia (cólicas), endometriose, inchaço, depressão, irritabilidade, fadiga, enxaquecas crônicas, entre outros. Após alguns anos praticando, o yoga te conecta com seu corpo. Não se surpreenda com um desejo físico de realizar a postura que beneficiará sua saúde no momento de uma necessidade, ou mesmo um pouco antes que ela surja. Quanto mais você pratica atentamente, mais refinado fica seu barômetro. O corpo aprende o que é bom pra ele, e muitas vezes não passa mais pela mente. E nessa hora você tem que ir lá e fazer. É assim que funciona. Sem idealizar a prática, mas deixando-a acontecer, apenas ouvir e atender o corpo. Esta é sua sabedoria ancestral em ação na vida urbana. A qualquer momento, uma simples torção na cadeira do escritório pode clarear sua mente e trazer novas perspectivas.

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